CHAPA 2 – ALTERNATIVA LIVRE
POR UMA UnB SEM DONOS
AGRADECIMENTO DA CHAPA 2
E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA VOTAÇÃO.
Viemos por este meio a agradecer muito especialmente aos 123 professores que depositaram em nós sua confiança e nos deram seu voto. Agradecemos também aos professores Cassiano, Marciano e Regina Pedroza pela excelente condução do processo eleitoral e da apuração.
A Chapa 2 considera o seu resultado uma grande conquista, pois instala na Universidade de Brasília uma frente política nova, caracterizada pela liberdade de opinião, a autonomia de consciência e a tenacidade na luta pela preservação do caráter público da nossa instituição. A Chapa 2 obteve um resultado expressivo que mostra que cresceu muito rapidamente, em apenas 2 meses, o número de professores que não se conforma nem com a Reitoria privatista da gestão demissionária nem com o estilo de condução debilitada e burocrática que tomou conta de nossa seção sindical. De fato, pode-se dizer que, a despeito de a campanha eleitoral ter sido espremida num calendário de apenas uma semana, em 12 de março éramos apenas 8 os que tentávamos fazer pública uma voz crítica diferenciada no Manifesto UnB Livre, e em 15 de maio –apenas dois meses e 3 dias mais tarde – somos agora 123 professores dispostos a construir uma nova ADUnB e uma nova UnB. Este resultado é particularmente interessante se consideramos que a chapa 2 não contou com o voto útil que, por razões que compreendemos perfeitamente, foi depositado na chapa 3, devido a que, por ser a chapa apoiada pela diretoria de ADUnB, muitos pensaram que poderia ter mais chance de vencer o timothismo. Também não contou nem com a máquina que se apropriou da Reitoria durante os últimos 14 anos, nem com a máquina sindical, controlada por um grupo de professores que não tem reconhecido nem acolhido a pluralidade de vontades políticas que hoje se encontram presentes na UnB.
Nós, da Chapa 2, como muitos outros colegas, desde o início desta contenda, entendemos que ela seria, também, uma oportunidade para mapear a situação do eleitorado da nossa universidade. Acreditávamos na idéia, que ontem se comprovou equivocada, de que o comparecimento dos docentes às urnas seria maciço devido ao processo que a UnB atravessa. Qual não seria o nosso assombro ao constatar que essa previsão não se cumpriu! Com efeito, de um total de 1444 professores sindicalizados ( na ativa e aposentados) votaram somente 752. Portanto, deixaram de votar 692 professores. Se considerarmos que, destes, possivelmente uns 15% se encontravam fora da cidade por diversas razões, concluímos que em torno de 600 professores deixaram de votar. Esta foi, de fato, a maioria mais expressiva nestas eleições, e resulta surpreendente em meio a um processo que comove as bases da nossa vida institucional e que a torna matéria das páginas policiais.
Na sintética análise que segue tentamos uma interpretação dos números da votação, incluindo o contingente MAJORITÁRIO das abstenções.
1. Os 408 votos a favor da Chapa 1 nos permitem avaliar com relativa precisão o escopo da rede clientelística vinculada à gestão timothista. Esse número fornece uma idéia aproximada do universo de professores que se beneficiou de uma ou mais formas das várias modalidades de privatização subterrânea e invasiva que se instalaram entre nós, ou esperava beneficiar-se proximamente. Isto inclui não somente aqueles professores que participaram ativamente de atos ilícitos ou de duvidosa moralidade, mas também os professores que foram apoiados com recursos disponibilizados de modo discricionário e sem transparência pela gestão timothista - recursos com os quais poderiam ter sido igualmente beneficiados sem a exigência de entrar na relação clientelista caracterizada pelo pedido de favor. Encontram-se aqui também representados aqueles que suplementam seus salários ministrando cursos pagos dentro da universidade – cursos que, em muitos casos, acabam se tornando porta de entrada pouco menos que obrigatória para os exames de acesso às nossas pós-graduações públicas. Podemos supor que esse grupo se lançou completo às urnas a defender os ganhos obtidos graças ao grupo demissionário e, portanto, se encontra numericamente representado no resultado da eleição a favor da Chapa 1. Podemos dizer, então, que, hoje, são 372 (408 menos os 36 eleitores aposentados da Chapa 1) os votos do continuísmo, num contingente de 1.345 professores na ativa que poderão votar para Reitor. É fundamental convencer aos professores não comprometidos com atos francamente ilícitos de que seria mais interessante não ir à contramão e sim dar apoio irrestrito às investigações da Polícia e da Justiça na nossa casa. Juntar forças entre todos para obter as mesmas vantagens dentro da legalidade e com métodos transparentes de distribuição de recursos será muito mais benéfico para toda a classe, e não somente para alguns que desejem aceitar a pecha de “amigos do rei”.
2. Os 193 votos da Chapa 3 permitem apreciar o declínio da representatividade da Direção atual da AdUnB.
3. Os 123 votos da Chapa 2 permitem apreciar o rápido crescimento e a consolidação, de uma vontade política nova dentro da universidade, não identificada nem com a gestão da Reitoria demissionária nem com o grupo que até agora representou a voz do sindicalismo docente na UnB.
4. Ao contrário do que alguns porta vozes da chapa 3 sugerem, o fato de que as Chapas 2 e 3 não formaram uma Chapa única anti-timothista conquistou mais do que afugentou votos para a frente comum do anti-timothismo, já que muitos eleitores não teriam votado de forma alguma na Chapa 3 devido à sua identificação com um estilo verticalista de condução política no qual muitos já não confiam. Sem a alternativa da Chapa 2, os números da frente anti-timothista teriam sido ainda menores.
5. No silêncio do grupo majoritário de aproximadamente 600 eleitores aptos a votar que se manifestaram mediante a abstenção poderiam se encontrar expressas três posições:
5.1 O grupo de professores que despreza a Associação de docentes, por considerá-la irrelevante para suas tarefas acadêmicas ou, inclusive, para sua participação política na vida nacional. Jogou aqui um papel determinante um conjunto de ações e práticas do grupo que tradicionalmente controla a ADUnB e que desta forma acabou colaborando com a Reitoria demissionária no esvaziamento progressivo do espírito de coletividade no campus.
5.2 O grupo de professores que aguarda, para dar seu voto, os desdobramentos do trabalho da Justiça em nossa universidade, cujos primeiros resultados, coincidentemente, começaram já a ser revelados na imprensa durante os dias do pleito eleitoral.
5.3 E, finalmente, o grupo de professores que, sem apoiar o timothismo, se encontrou sem opção por não concordar ou não entender o apoio que as chapas opositoras ao mesmo - a Chapa 2 e a Chapa 3- deram ao movimento estudantil. Temos, aqui, um grande desafio pela frente: fazer compreender a essa parte expressiva do eleitorado, formada por professores que relutam em compartilhar a sua gigantesca parcela de poder sobre instituição com os outros dois segmentos que convivem nela, que temos uma dívida e fizemos um compromisso com os estudantes. Estes, iluminados por uma consciência e uma capacidade organizativa que nós, docentes, não tivemos, resgataram a UnB do grupo que utilizava seus recursos de modo discricionário e os desviava da sua finalidade. Isso, caros colegas da Universidade de Brasília, deverá por força tornar-se tema de uma longa e refletida conversa entre todos nós.
Por fim, o resultado das eleições da ADUnB demonstra que, a despeito da queda de Timothy e sua administração, as bases estruturais e a própria cultura política do clientelismo timothista ainda não foram erradicados da UnB. Foi porque tínhamos isso claro desde antes das eleições da ADUnB que propomos à Chapa 3, sem sucesso, a formação de uma frente única para derrotar a chapa timothista. Tudo isso demonstra a necessidade de abrir e aprofundar o debate coletivo em torno do projeto de uma nova UnB, condição necessária para fazer convergir todos os grupos organizados de oposição ao timothismo em torno de um único projeto e de uma única candidatura nas eleições para Reitor que devem ocorrer no segundo semestre deste ano. Porque, francamente, o resultado destas eleições nos coloca frente ao seguinte dilema: ou ganhamos a Reitoria e recuperamos a credibilidade da nossa instituição, ou nos veremos obrigados a delegar inteiramente a responsabilidade de colocar nossa casa em ordem à Polícia Federal e à Justiça. Por outro lado, como prova a eleição que acabamos de encerrar, a vitória pela Reitoria somente poderia ser hoje garantida numa eleição paritária.
Nós, da chapa 2 , pretendemos dar continuidade à nossa reflexão conjunta sobre os destinos da nossa universidade, e serão bem vindos todos aqueles que desejem participar nessa conversa no futuro imediato. Para isso, informamos o nosso endereço eletrônico alternativalivre@gmail.com
Um abraço a todos!
CHAPA 2 – ALTERNATIVA LIVRE
POR UMA UnB SEM DONOS!!
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